21/05/2012

Gestor, gerente, líder e chefe: salada ou farinha do mesmo saco?


Li recentemente no TI Especialistas um (bom) artigo sobre as diferenças entre gestor, gerente, líder e chefe, bem como as competências de cada um deles dentro de uma organização. O artigo é muito bom e bastante fundamentado. Mas eu achei, ao menos na parte da diferenciação, um pouco estereotipado. É na discordância que nasce uma concordância, não? Caso não, ao menos nasce um post.
Vou me ater somente às diferenças de perfis e discutir que não (nem sempre) são farinha do mesmo saco. Comecemos pelo mais comum dos enganos: gerente e gestor.

Segundo o dicionário MICHAELIS (citado antes no artigo), o gestor é o indivíduo que, sem mandato (essa parte é importante) administra negócios alheios. Já o gerente, dirige ou administra bens ou ainda é responsável por uma equipe ou órgão e por seus resultados.

Confesso que não sabia da questão do mandato, mas sabia que o gestor gere negócios horizontais numa organização (não se prende a um setor e sem contar que não precisa ter uma equipe fixa para comandar qualquer equipe). Enquanto que o gerente se atem a seu departamento. Ademais, a maioria usa um termo ou outro por pura verbosidade (ou vaidade) - parece ser mais "elegante" chamar alguém ou auto proclamar-se gestor, do que usar o já enferrujado jargão do gerente. Penso que o gerente ainda é uma figura importantíssima, mas as atividades horizontais nas empresas urgem como necessidade e, com o tempo (talvez), os gerentes sumirão.

Agora vem os estereótipos: líder e chefe. Antes que alguém se confunda, um gerente não é necessariamente um líder, e vice-versa. Uma liderança pode surgir num grupo a partir de qualquer pessoa ou um subgrupo. Mas vejamos a definição de líder: “O líder cria nos liderados a sensação de um espaço próprio, onde eles podem desenvolver sua criatividade e se auto realizar na execução de suas tarefas”

É quase poético. A canonização do líder me irrita. Uma pessoa ou grupo não é líder por ter essas características. Pelo contrário: é a pessoa que cria, com suas boas (e próprias) características para a organização, seu semblante de liderança. Por outro lado, o chefe é sempre o criminoso. O Yin do Yang. Além da autoridade sobre os demais funcionários, o chefe é caracterizado como "dono da verdade", "impaciente" ou "truculento". Acho que esses conceitos ainda são remanescentes dos icônicos chefes da revolução industrial ou da generalização dos chefes pitorescos das grandes corporações celebrados por Roberto Justos, Donald Trump ou Steve Jobs (ta certo, que Jobs é diferenciado, mas leiam a biografia dele e verão que "impaciente" e "dono da verdade" é pouco para ele)

Mas e quando o chefe é um real e autêntico líder? Para onde vão as diferenças? Penso que todas para o ralo. Entende o que eu disse sobre estereótipos? Perceba que quando se falou de gerente e gestor, falou-se de atribuições. A confusão entre os dois é inevitável quando o profissional evolui e busca mais responsabilidades - e não são, ambos, cargos, já que vimos que gestor não é uma posição no organograma empresarial. Mas o líder e o chefe são vagamente lembrados por suas atribuições, mas por suas "qualidades". Sem contar o natural depreciativo arquétipo do chefe sem sentimentos, estúpido, ignorante e acidamente superior.

Existem pessoas assim, intragáveis, mas não as chamamos de chefes: as chamamos de cretinas. Esses cretinos podem ser chefes, gerentes ou gestores (ou seus coleguinhas do lado). Então esqueça a modinha de autoproclamar-se gestor ou, pior ainda, bajular outrem. É bem melhor ter autocrítica.

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