12/03/2013

O "colaborador" domesticado


Esse tipo de profissional ocorre muito nas organizações de hoje. Talvez não em todas, pois as são (des)organizações que, normalmente, criam esse tipo de funcionário. Mas nem sempre, claro. Esse tipo de gente, segundo minha hipótese, tem origens diferentes. A questão toda é: como eles surgem e como se livrar deles?



Há algumas possíveis origens para o surgimento deste tipo de profissional. Primeiro falemos do  indivíduo que é naturalmente domesticado. Esse tipo de gente é normalmente passivo. Para ele (ou ela) está tudo bem, não consegue ou não quer expor sua opinião e está sempre de acordo com os demais e, principalmente, com colegas de trabalho de níveis hierarquicos acima do seu. Crítica? Discussão? Argumentação? Isso tudo faz esse colaborador tremer. E quando tenta, normalmente tem desempenho desastroso. Mas esse funcionário é ruim? Para mim, é. Mas para muitas empresas, é o funcionário do mês. Digo isso, porque diversas empresas contratam esse tipo de gente. Pois é mais fácil controlar, adequar às suas regras mais rapidamente e continuar o trabalho atual sem ouvir muitas (ou nenhuma) críticas. É mais fácil de domesticar. É sempre o cara legal (calma, isso não significa que todo cara legal numa empresa é domésticado).  

Outra possível origem vem da domesticação nata da empresa. Muitos profissionais chegam numa empresa com diferentes ideias, com a fúria de um animal selvagem de aperfeiçoar ou mudar tudo que existe e sempre contribuir para melhorar qualquer parte da organização, seja emitindo opiniões, criticando ou argumentando. Esse tipo de gente somente é bem-vindo em organizações "piratas" (uma menção a Steve Jobs aos seus piratas nos primórdios da Apple). Esse tipo de organização prefere pessoas inquietas, automotivadas, inspiradoras e inovadoras (essa tal inovação, penso, é resultado natural da existência de pessoas assim numa empresa). Mas, infelizmente, organizações piratas, como próprio nome infere, são raras e cassadas (criticadas ou rotuladas como "outra realidade" - nem sei o que isso quer dizer).  E então, esses belíssimos profissionais se tornam colaboradores sem cor, apáticos e domésticados. Trabalhando conforme a mesma música tocada na empresa, tolhidos de seus melhores talentos e subutilizados. 



Seja o natural ou "artificial" domésticado, ambos são igualmente ruins. E mais, são catalisadores do processo de domésticação de novos empregados - tornam-se agentes do que antes eram vítimas. 
O que fazer? Mudar a cultura da empresa. Fazer que com esta promova o embate, a discussão, o levantamento e aproveitamento de ideias e, principalmente, abertura para receber críticas - e o espaço para a inovação, claro.
Então, talvez, os "artificiais" atentem para sua natureza e voltem a ser o que nasceram para fazer. E, com oportunidades, os "naturais" possam vislumbrar uma atitude mais produtiva dentro de uma organização. 

Enquanto isso não for feito, cada um ficará olhando para seu computador, trabalhando em sua baia (de animal domésticado), visando somente para si e derramando talento (e dinheiro) da organização diariamente. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário